segunda-feira, 29 de março de 2010

Novas normas contábeis, mais transparência e custos menores

Via Financial Web

por Eduardo Nasajon*

29/03/2010

Em artigo, Eduardo Nasajon fala sobre o desenvolvimento do mercado

Pudemos observar, nos últimos 20 anos, um grande amadurecimento social, político e econômico em nosso país. Mudanças que começaram nos anos 90, frutos de políticas governamentais acertadas e que tiveram continuidade nos governos posteriores, colocaram o Brasil em uma posição de maior destaque no mundo. Pode-se gostar ou não do conceito da globalização, mas o fato é que atualmente o país está muito mais inserido no universo econômico das nações.

Em contraposição a leis protecionistas, reserva de mercado e outras práticas condenáveis e obsoletas, o Brasil aboliu proibições de importação, diminuiu tarifas e abriu o seu mercado para compra e venda de bens, serviços e tecnologia. Como resultado dessas ações, passou cada vez mais a atrair capital internacional que, ao contrário do passado - quando os recursos que chegavam eram meramente especulativos -, se transformou em novas empresas, novos negócios e maior relevância econômica.

E dentro dessa nova realidade, as práticas contábeis existentes deixaram de atender às novas demandas. O Brasil mais globalizado passou a ter que prestar contas a matrizes estrangeiras. Passamos a ter que demonstrar os números de nossas empresas em um formato que possa ser entendido por outras nações e, dessa forma, conseguirmos atrair mais investimentos.

A lei 11.638, sancionada nos últimos dias de 2007 e que vem sendo implementada ao longo dos últimos dois anos, vem justamente modernizar as demonstrações contábeis e inserir o Brasil em um clube com mais de 100 sócios que aderiram à IFRS (International Financial Reporting Standards) do IASP, instituto econômico baseado em Londres.

O objetivo dessas novas medidas contábeis é dar mais transparência, aumentar a produtividade, permitir uma comparação das demonstrações financeiras, reduzir ou eliminar o custo de se preparar demonstrações voltadas ao exterior, entre outros benefícios.

O Brasil mudou para melhor e a contabilidade teve que acompanhar essa transformação. É cada vez mais necessário dotar as empresas de ferramentas modernas e práticas que permitam o crescimento, o desenvolvimento e a participação no jogo global. E é sempre bom constatar que algumas medidas estão contribuindo para diminuir o indesejável “Custo Brasil”.

* Eduardo Nasajon é diretor de tecnologia da Nasajon Sistemas

**As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicadas refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídia ou quaisquer outros envolvidos nesta publicação

sexta-feira, 26 de março de 2010

Financeiro é peça-chave na criação de valor

por Verena Souza

25/03/2010

Fluxo de caixa descontado e análise de múltiplos são ferramentas essenciais para o processo

A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) promoveu seminário, nesta quinta-feira (25), em São Paulo, para discutir os mecanismos de geração de valor nas empresas, que têm objetivo de promover maior competitividade.

Entre os executivos presentes, estava o gerente de relações com investidores (RI) da Ultrapar, Rodrigo Pizzinato. A petroquímica foi eleita a melhor empresa brasileira no quesito criação de valor do prêmio Abrasca, de outubro de 2009.

De acordo com Pizzinato, o diferencial está na disseminação, para todos os funcionários, do conceito “criação de valor”.

“O segredo é tê-lo como um elemento que está no sangue da companhia inteira. Isso faz parte dos nossos processos de decisão e de investimento”, afirmou o RI.

Mesmo diante da crise financeira, que afetou como um todo os setores da economia no Brasil, a Ultrapar gerou 46,33% de valor aos seus acionistas, o equivalente a R$ 2,3 bilhões no segundo semestre de 20009.

Além da Ultrapar, compareceram também ao evento os representantes, principalmente da área financeira, das empresas CTEEP, Eternit, Neovia e Vale.

Apesar do tema estar em evidência entre os altos executivos, as estratégias expostas para alcançá-lo parecem ser velhas conhecidas.

Fluxo de caixa descontado

Entre os mais comuns aplicados pelas empresas estão: fluxo de caixa descontado (FCD) e a análise de múltiplos (P/L, FV/Ebitda, EV/Ebitda, entre outros). No caso do FCD, é necessário calcular qual a receita que um determinado investimento deve gerar, além do impacto que isso terá no fluxo de caixa da organização. Isso tudo, descontado a uma taxa de risco a ser calculada. Se, após esse processo, o valor da companhia for aumentado, o investimento deverá ser feito.

Os cases das empresas presentes ressaltaram também a importância de fortes políticas sócio-ambientais, de transparência e governança corporativa.

No entanto, a área que concentra os maiores esforços para se atingir a tão almejada geração de valor parece mesmo ser a financeira.

“É importante ter uma equipe que faça o cálculo da criação de valor para o acionista, especialmente, se a companhia busca oportunidades de compra no mercado”, ponderou o diretor financeiro da Neovia, Luiz Walter Migueis Silva.

Via Financial Web

Ministros da Agricultura do BRIC prometem combater fome no mundo

26 de março de 2010 | 14h 20 (Via Estadão)
ALEKSANDRAS BUDRYS - REUTERS

Ministros da área agrícola do Brasil, Rússia, Índia e China -- países que, juntos, possuem um terços das terras aráveis do mundo -- concordaram na sexta-feira em unir seus recursos para combater a fome que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo.

Os ministros dos países conhecidos como BRIC assinaram um pacto para criar uma base conjunta de informações agrícolas que ajudará cada país a calcular produção e consumo e criar reservas nacionais de grãos.

"Sozinhos, não somos capazes de resolver o problema global da segurança alimentar, mas podemos ajudar a comunidade internacional a combater a fome", disse a jornalistas o ministro indiano da Agricultura, Sharad Pawar, após a reunião dos quatro ministros em Moscou.

As economias emergentes do BRIC produzem 40 por cento do trigo mundial, metade da carne suína e um terço da carne de frango e bovina. O produto interno bruto combinado dos quatro países equivaleu a 22,4 por cento do total global em 2008.

A Rússia, que no ano passado sediou o primeiro Fórum Mundial de Grãos, está se posicionando como grande fornecedora de grãos para o mercado mundial. Ela pretende dobrar suas exportações de grãos dentro de 15 anos e elevar sua colheita em 50 por cento.

Os quatro ministros concordaram em compartilhar experiências no fornecimento de alimento a populações vulneráveis e a vítimas de desastres naturais, além de realizar trocas de tecnologias agrícolas para ajudar a reduzir o efeito das mudanças climáticas sobre a produção alimentar.

Cerca de 42 por cento da população mundial vive nos BRICs, e uma parcela substancial dessa população faz parte de grupos vulneráveis que precisam de ajuda governamental para garantir sua segurança alimentar, disseram os ministros em comunicado conjunto.

A ministra da Agricultura da Rússia, Yelena Skrynnik, disse a jornalistas que os ministros também farão várias reuniões bilaterais. Ela e Pawar se uniram ao ministro da Agricultura chinês, Han Changfu, e ao ministro brasileiro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Nas reuniões bilaterais, a Rússia planeja discutir exportações de grãos e oleaginosas à Índia em troca de frangos desse país, além de envios de trigo ao Brasil em troca de carne, disse Skrynnik.

China ultrapassou EUA como maior investidor em energia limpa em 2009

Brasil ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido R$ 13,2 bi
26 de março de 2010 | 11h 48 (Estadão)

A China ultrapassou os Estados Unidos em 2009 se tornando o maior investidor em tecnologia de energias renováveis, segundo um relatório divulgado nos Estados Unidos.

Arquivo/AE
Arquivo/AE
Análise mostra que recessão global afetou pouco o mercado de energias renováveis


Os pesquisadores do instituto americano Pew calculam que a China investiu US$ 34 bilhões (cerca de R$ 62 bi) em energia limpa no ano passado, quase o dobro do investimento realizado nos Estados Unidos.

O Brasil ficou em quinto lugar na lista entre os países do G20, tendo investido aproximadamente R$ 13,2 bilhões, atrás da China, EUA, Grã-Bretanha e Espanha.

O crescimento mais espetacular ocorreu na Coreia do Sul, onde a capacidade instalada cresceu 250% nos últimos cinco anos.

Globalmente, o investimento mais do que dobrou nos últimos cinco anos, afirma o Pew, que concluiu que a recente crise econômica provocou apenas uma pequena queda nesses investimentos.

"Mesmo em meio a uma recessão global, o mercado de energia limpa passou por um crescimento impressionante", afirma Phyllis Cuttino, diretora da campanha sobre mudanças climáticas da instituição.

"Os países estão disputando a liderança", disse ela.

"Eles sabem que o investimento em energia limpa pode renovar suas bases manufatureiras e criar oportunidades de exportação, empregos e negócios."

Os Estados Unidos ainda mantêm uma pequena liderança na capacidade total instalada, mas se a tendência continuar em 2010, a China deverá ultrapassar o país ainda neste ano.

Diversificando

A meta do governo chinês de ter 30GW de capacidade de energia renovável instalados até 2020 está para ser cumprida em breve com o uso apenas de energia eólica (do vento), e novas metas já estão sendo estabelecidas.

"O governo tomou a decisão estratégica de que diversificar suas fontes de energia deveria ser uma prioridade nacional", comentou Steve Sawyer, secretário-geral do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), que não participou da análise do Pew.

"Ela é agora líder na fabricação de células fotovoltaicas (de energia solar), e são fabricadas mais turbinas eólicas na China do que em qualquer outro país."

Mas o uso de combustíveis fósseis na China também está em rápida expansão.

Até agora, as renováveis respondem por uma pequena parcela da energia consumida na China, mas a meta do país é que 15% de sua energia venham de fontes limpas até 2020.

A energia eólica foi o setor dominante na maioria dos países que realizaram altos investimentos em energias renováveis, com exceção da Espanha, Alemanha e Itália, onde a energia solar foi a campeã de investimentos.

Já os investimentos nos Estados Unidos caíram em 40% de 2008 para 2009.

O investimento da Espanha também caiu, por causa da recessão, depois de vários anos de rápido crescimento, motivado pelo desejo de diminuir as emissões dos gases causadores do efeito estufa para atingir as metas estabelecidas no Protocolo de Kyoto.

O Pew baseou sua análise com base nos dados da Bloomberg New Energy Finance, o grupo internacional de consultoria e análise. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Rádio FW: sem parceria de CFO e contador, IFRS fracassa

por FinancialWeb
25/03/2010
Opinião é do diretor financeiro da Cemig, Luiz Fernando Rolla

A transição das normas contábeis brasileiras para o modelo internacional do IFRS requer uma sinergia muito forte entre o profissional financeiro e contábil. A opinião é do CFO e diretor de Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, que assume haver dificuldade de integração entre ambas as áreas.


Em declarações dadas ao programa Em Foco da Rádio FinancialWeb, o financeiro, que também é presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), ponderou que o essencial é informação.

“Comunicação sempre é o problema”, comentou, indicado que este é o ponto no qual a empresa deve investir.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Receita investiga fraude em 15 fusões

Com base em decisão do STJ, Receita Federal vai autuar grandes empresas que fizeram incorporações 'às avessas' para sonegar

22 de março de 2010 | 0h 00
Adriana Fernandes / BRASÍLIA - O Estadao de S.Paulo

Pelo menos 15 grandes companhias brasileiras estão na mira da Receita Federal por suspeita de terem simulado incorporações de empresas menores para pagarem menos Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), tributos que incidem sobre o lucro.

O caminho para a Receita autuar as empresas foi aberto por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou ilegais operações em que, para fugir do pagamento de impostos, uma empresa com prejuízo incorpora outra lucrativa.

O Fisco está passando um pente-fino em operações semelhantes feitas em anos anteriores. Negócios bilionários de fusão, aquisição e reorganização societária, que proliferaram em 2009, ano da crise global e de queda da arrecadação, também estão na mira da fiscalização da Receita.

Levantamento do Fisco mostrou que o rombo no caixa do governo com essas operações em 2007 foi de R$ 110 bilhões. De lá cá, o uso desse tipo de recurso só aumentou.

"Em época de crise, a ousadia fica maior", disse uma fonte envolvida nas investigações. A operação está sendo feita com o apoio da área de inteligência da Receita Federal. As operações das 15 empresas foram feitas no ano passado.

Como essas operações são feitas com base em brechas da legislação, por meio do chamado planejamento tributário, o Fisco sempre teve dificuldade em provar a simulação. Agora, a inteligência trabalha com provas circunstanciais, que ajudam a mostrar que a operação foi feita com objetivo de fugir da tributação. A decisão do STJ foi considerada pelo Fisco de extrema importância para coibir o planejamento tributário e a elisão fiscal.

Às avessas. O STJ entendeu que esse tipo de operação em que o "Davi incorpora Golias" é ilegal e deve ser combatida pela Receita. Chamadas no jargão jurídico de "incorporação às avessas" ou "invertida", essas operações são feitas para fugir do pagamento do IR e da CSLL.

A segunda Turma do STJ considerou ilegal uma operação de incorporação envolvendo a indústria de alimentos Josapar. Mesmo não havendo impedimento legal, o STJ considerou que houve simulação para pagar menos tributo. Para a Receita, as operações de incorporação não são ilegais, mas, se forem feitas com o objetivo de pagar menor tributo, o Fisco vai agir.

Considerado uma forma de planejamento tributário, a incorporação às avessas começou a ser feita no início dos anos 90, quando entrou em vigor uma legislação proibindo que uma empresa grande, com lucro, incorporasse outra com prejuízo. Essa forma de planejamento tributário era utilizada até aquela época por empresas que queriam escapar da voracidade do Fisco.

sábado, 20 de março de 2010

Imposto de Renda

20 de março de 2010 | 0h 00
O Estadao de S.Paulo

Leia as respostas da tributarista Elisabeth Lewandowski Libertuci, da Libertuci Advogados Associados, às dúvidas dos leitores sobre a declaração do Imposto de Renda 2010.

Há 20 anos meu sobrinho viajou para a Austrália com visto de turista e lá se radicou, sem preencher o formulário de saída definitiva do Brasil. Para manter o CPF aqui, ele fazia a declaração de isento assinalando ser titular de uma conta bancária e ter imóvel. Abolida a declaração de isento, deverá ele obrigatoriamente fazer a declaração de ajuste anual e como tal informar seus bens na Austrália? Pedro Nogueira

O sobrinho permanece no exterior, o que significa que é não residente para fins fiscais brasileiros. O fato de aplicar recursos no Brasil não retira a situação de residente no exterior, pelo que não deve apresentar declaração de IR no Brasil. Realmente, como não existe mais a declaração de isento, além de o sobrinho receber rendimentos no Brasil, a situação prática pode vir a deixar o CPF dele em situação irregular. Se isso acontecer, ele terá de apresentar requerimento ao Fisco para solicitar a baixa da pendência, por estar em situação regular. Entendo que a falha de informação decorre do próprio Fisco, que deveria pedir ao residente no exterior que aplica recursos no Brasil um cadastro específico, quando decidiu abolir a declaração de isentos. Enquanto este cadastro não existir, resta ao contribuinte tomar a iniciativa de demonstrar ao Fisco, via requerimento administrativo, que sua situação está regular, caso apareça pendência no CPF.

Do valor da venda, para fins de cálculo de imposto e valoração do imóvel vendido, posso descontar as despesas de escritura, impostos e custos com a corretagem? Nelson Aparecido Junior

As despesas com a intermediação são dedutíveis, desde que você tenha arcado com este custo. As despesas com escritura não são dedutíveis por falta de previsão legal. Na transação em questão, quem comprou o imóvel é que pagou o imposto de transmissão, razão pela qual você não deve considerar este valor como custo de aquisição. Mas poderá considerar o valor que pagou de imposto de transmissão quando comprou a casa, desde que tenha mantido em seus arquivos a documentação de suporte (imposto pago).

Como devo realizar os lançamentos de créditos da Nota Fiscal Paulista na declaração de IR? Eric Bernardet

Informe no campo "rendimentos isentos e não tributáveis", item "outros" com a observação "créditos Nota Fiscal Paulista".

AS DÚVIDAS PODEM SER ENVIADAS ATÉ O DIA 16 DE ABRIL PARA O E-MAIL: IMPOSTO.RENDA@GRUPOESTADO.COM.BR

Novo livro sobre Contabilidade na China

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Accounting with Heart: China's Role in International Finance and Business
by Wang Jun (Author)

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In the Western world, examination of business and finance can often be a dry enterprise. Wang Jun shows, through this extraordinary collection of writings, both the breadth of his world view and the connections which surely exist between the finance, the arts, philosophy and culture. His is a singular voice, which takes the reader beyond the normal realm of finance discourse.
Helen Brand
Chief Executive, ACCA

sexta-feira, 19 de março de 2010

Vale pede à China alta de 90% a 100% no preço de minério de ferro

Associação Chinesa de Ferro e aço já afirmou que as siderúrgicas do país devem recusar reajuste

Reuters (Via Estadão)

TANSHAN - A Vale pediu um aumento de 90% a 100% no preço do minério de ferro a siderúrgicas chinesas, que ainda enfrentam uma produção excessiva de aço, afirmou nesta sexta-feira, 19, o vice-chairman da Associação Chinesa de Ferro e Aço (Cisa, na sigla em inglês), Luo Bingsheng. A associação já disse, porém, que as siderúrgicas chinesas devem se recusar a aceitar tal aumento nos preços anuais de referência.

"Como todos sabem, a Vale propôs um aumento de preço de 90% a 100%", disse Bingsheng em uma conferência de aço em Tangshan, importante cidade produtora de aço perto de Pequim. "O aumento nos preços internacionais do minério de ferro também terá um impacto nos preços domésticos do minério de ferro e colocará uma enorme pressão sobre as siderúrgicas domésticas."

Ele afirmou que a produção de aço da China nos dois primeiros meses do ano superaram muito a demanda e as exportações podem cair mais, enquanto que um aumento dos estoques continua sendo um risco para o setor. "Não devemos ficar otimistas demais em relação ao mercado", disse ele.

Luo pintou um panorama obscuro para as siderúrgicas chinesas em 2010. Elas ainda precisam fixar os preços para o minério de ferro com a Vale e as outras duas grandes fornecedoras, Rio Tinto e BHP Billiton, depois de terem falhado em conseguir o corte de preço acentuado que queriam em 2009.

A alta dos níveis de investimentos em ativos-fixos na China ainda terá um impacto positivo sobre a demanda de aço em 2010, mas o excesso de capacidade deve restringir o lucro e uma possível queda nas exportações vai limitar o crescimento, disse Luo.

"Olhando para o mercado como um todo, as siderúrgicas chinesas ainda estão produzindo demais", disse ele.

A produção nacional de aço atingiu um recorde de 1,8 milhão de toneladas por dia em fevereiro, mas uma retomada modesta nas exportações de produtos de aço perdeu força nos últimos dois meses.

Luo disse ainda que 49 países adotaram medidas protecionistas contra o aço chinês. A queda nas exportações haviam exacerbado o problema de a oferta doméstica superar a demanda. "Todos sabem que os custos do minério de ferro vão aumentar, e isso está elevando os preços do aço, como vimos na última semana."

A Cisa havia dito anteriormente que o aumento do preço da matéria-prima foi bem maior do que os subsequentes aumentos do preço do aço devido ao excesso de capacidade. De modo inverso, o setor prosperou no ano passado porque os custos do minério de ferro caíram bem mais rapidamente no mercado doméstico.

"Em 2009, os custos das siderúrgicas caíram 28,49 %, enquanto os preços do aço recuaram 22%, o que deu suporte à indústria", disse Luo.

(Por David Stanway)

Petrobrás tem lucro de R$ 8,129 bilhões no 4º trimestre

No acumulado do ano, lucro líquido ficou em R$ 28,982 bilhões, queda de 12,1% sobre 2008

André Magnabosco, Monica Ciarelli, Kelly Lima e Tatiana Freitas, da Agência Estado, com Reuters

RIO E SÃO PAULO - A Petrobrás apresentou lucro líquido de R$ 8,129 bilhões no quarto trimestre de 2009, alta de 31,34% sobre o mesmo período do ano passado. O Ebitda somou R$ 15,016 bilhões no quarto trimestre, crescimento de 62,8% ante o quarto trimestre do ano anterior.

No acumulado do ano, o lucro líquido ficou em R$ 28,982 bilhões, queda de 12,1% sobre 2008 e o Ebitda totalizou R$ 59,944 bilhões, baixa de 4,85% sobre o ano anterior.

Receita líquida cai

A empresa obteve receita líquida de R$ 47,633 bilhões no quarto trimestre do ano, mostrando queda de 8,6% sobre o mesmo período de 2008. No mesmo intervalo, o lucro bruto totalizou R$ 18,055 bilhões, com aumento de 23,7%. O lucro operacional, antes do resultado financeiro, equivalência patrimonial e impostos, atingiu R$ 10,657 bilhões, mostrando evolução de 119,4%.

No acumulado do ano, a receita líquida somou R$ 182,710 bilhões, com retração de 15%. O lucro bruto ficou estável em R$ 73,673 bilhões e o lucro operacional atingiu R$ 46,128 bilhões, em linha com os R$ 45,950 bilhões do exercício anterior.

Captação recorde

O diretor financeiro, Almir Barbasa, informou que a estatal bateu recorde ao captar R$ 74,350 bilhões em 2009, com um prazo médio superior a 10 anos. No período, a companhia amortizou R$ 27 bilhões. Segundo o executivo, as captações conseguiram alongar o prazo da divida da estatal, que passou de 4,2 anos para 7,5 anos. O balanço da empresa mostra que o endividamento atingiu R$ 100,329 bilhões em 2009, contra R$ 64,713 bilhões do ano anterior.

Apesar do aumento da divida, Barbassa destaca que o alongamento no prazo da divida dá tranquilidade à empresa para obter um fluxo de caixa que suporte os investimentos previstos. "O aumento não coloca a empresa em xeque", disse.

Meta de produção menor

A Petrobrás também informou que reviu sua meta de produção para o ano de 2010, dentro da estratégia de atualização de seu plano de investimentos.

Segundo o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, a nova meta será de 2,100 milhões de barris de óleo por dia, ante uma meta anterior de 2,171 milhões. A redução da meta é para "torná-la mais próxima da realidade", disse Barbassa.

Segundo ele, a meta de 2,050 milhões de barris por dia não foi atingido no ano passado. A produção foi de uma média de 1,971 milhão de barris por dia em 2009.

Investimentos

A Petrobrás encerrou 2009 com investimentos totais de R$ 70,757 bilhões, novo recorde anual da companhia. O resultado representa uma expansão de 33% em relação ao ano anterior, quando a companhia havia registrado aporte recorde de R$ 53,349 bilhões. Os investimentos diretos da estatal no ano passado somaram R$ 63,663 bilhões. As sociedades de propósitos específicos somaram outros R$ 5,564 bilhões, enquanto que os empreendimentos em negociação movimentaram R$ 1,530 bilhão.

A maior parte do investimento direto foi direcionada à área de Exploração e Produção, que recebeu R$ 30,819 bilhões. Em seguida apareceram as áreas de Abastecimento (R$ 16,508 bilhões), Gás e Energia (R$ 6,562 bilhões) e Internacional (R$ 6,833 bilhões).

A empresa anunciou que vai investir entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões entre 2010 e 2014, ante US$ 174,4 bilhões do plano de investimentos anterior para o período 2009-2013.

(Reportagem de Denise Luna)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Uma nova era na contabilidade

18/03/2010

Uma nova era na contabilidade (Via CFC)

DCI

Uma nova era se anuncia para a contabilidade brasileira.

Em dezembro de 2009, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu uma resolução estabelecendo um novo padrão contábil para as empresas que não estavam enquadradas na Nova Lei das S.A. (11.638/07).

Com este novo pronunciamento, chega a vez das pequenas e médias empresas harmonizarem seus balanços com as normas internacionais (IFRS).

Se a implantação do IFRS nas grandes companhias não causou os transtornos previstos há dois anos, o mesmo não deve ocorrer com as pequenas e médias.

O primeiro ponto a ser ressaltado é que 90% das empresas brasileiras se encaixam neste perfil.

Também não é demais lembrar que elas são responsáveis por 60% do total de pessoas empregadas no País e por 20% do PIB. Ou seja, a abrangência e impacto são imensuráveis.

O IFRS para Pequenas e Médias Empresas conta com 230 páginas, apenas 10% do destinado às grandes companhias. A adoção não é obrigatória, mas pode trazer inúmeros benefícios às empresas.

A conversão proporcionará a oportunidade de remodelar os negócios com mais transparência para o mercado e até instituindo índices de desempenho.

Os níveis de transparência serão substancialmente maiores, pois os balanços tornarão pública a real saúde financeira e patrimonial das empresas.

Na realidade atual eles são apenas fiscais, portanto não mostram as finanças da empresa para o mercado. Com a elaboração de um balanço societário e passando por uma auditoria, os empresários já vão criando uma cultura de transparência e de governança, o primeiro passo para um crescimento sustentável.

Um balanço dentro dessas regras valida a transparência da companhia, o que hoje é instrumento importantíssimo na busca de parceiros e de crédito.

Temos no Brasil um universo de 400 mil contadores que terão que se adaptar aos novos tempos. É, sem dúvida nenhuma, um desafio de tirar o fôlego e certamente o maior do mundo empresarial em 2010.

A adoção das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros não é meramente um exercício técnico envolvendo o reordenamento de informações e reclassificações nas demonstrações contábeis. A conversão irá desafiar os fundamentos de um modelo de negócios até então existente nas pequenas e médias empresas. Será uma oportunidade ímpar para reexaminar a sua administração através da maneira de reportar os seus gerenciamentos internos.

Isso afetará a maneira como as empresas se apresentam ao mercado. Quem não o fizer, ficará preso em um mundo antigo. Claro que isso aumentará as despesas, mas por outro lado reduzirá a já conhecida fragilidade das pequenas e médias companhias. Gasta-se mais, mas também se ganha em credibilidade. Isso facilitará e diminuirá custos de um financiamento, por exemplo.

Os investidores estrangeiros prezam muito a contabilidade. Estar adaptado a estes padrões ajudará a atrair parcerias, joint ventures e fundos de private equity, por exemplo. Demonstrações contábeis bem elaboradas e que trazem informações importantes, servem como base para a tomada de decisões por bancos, futuros sócios, governo etc.

É um desafio e tanto. Diferente do IFRS para as grandes companhias, ninguém está obrigado a embarcar nessa. Mas quem insistir em ficar estagnado no tempo poderá perder o bonde da história. O mesmo serve para os contadores e auditores. Neste caso, a atualização é mais do que obrigatória. É uma questão de sobrevivência.

Passada esta transição, o Brasil estará em outro patamar. Nossas tão valentes pequenas e médias empresas estarão com os alicerces prontos para sustentar um avanço da economia e grandes taxas de crescimento.

A adaptação pode ser uma fase difícil, mas é necessário atravessá-la, pois o pote de ouro está do outro lado dessa ponte.